sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sexta-feira, 21 de novembro. Acaba a mordomia do hotel, último dia de minha intérprete me acompanhando nas conferências. Duas opções: ir para a little Modesto no Sábado de manhã ou continuar em São Farncisco até o fim do congresso. A mãe de Glynyale exigira que ela voltasse pra ajudar num trabalho com crianinhas e muito provavelmente para acompanhá-la na igreja no domingo. Podia ser um fim de semana diferente, talvez até interessante, mas depois de tanta agonia decidi ficar!!! Depois da decisão, tensão familiar. Que será da brasileira sozinha em São Francisco? Conseguirá ela chegar viva à little Modesto no dia seguinte. Mero drama familiar. Ficamos a noite de sexta no consultório da vódrasta já que, na casa do avô, minha colega não se sentiria confortável. Não entendi: a justificativa pra não ficar na casa do avô é que se tratava de um gigolô mulherengo e ela não tava muito disposta a ser simpática com os casos do velhote e no fim das contas acabamos dormindo no consultório da sessentona. Enfim, não me ocupei de tentar entender nada. Pra mim tava tudo muito bom, era menos uma diária que teria que pagar por apenas 5 horas de sono. Glynyale ainda tentou negociar com o avô para que eu ainda dormisse no tal consultório na noite seguinte. Fiquei um pouco preocupada, pois o sujeito já tinha cirticado meus modos e podia dizer: "que criaturinha mal agradecida. Todo mundo esperando ela e ela me faz uma desfeita dessas ficando mais um dia em São Francisco, em vez de seguir para a little Modesto" Mas, foi o contrário. Agora foi a vez da neta tomar a surra de palavras. Pro avô, ela era a anfitirã de maus modos que ia embora e largar a pobre tupiniquim em terra estranha. Ficaria no albergue junto com as brasileiras, já que o consultório ficava do outro lado da cidade, mas antes fui ver um lugar que a diária era 20 dólares, onde um outro brasileiro tava hospedado. O lugar ficava num beco atrás de uma casa de massagem e as figuras que circulavam pelo ambiente tinham a maior cara de hóspede de manicômio judiciário. Não gastei tempo e voltei pro outro albergue, fiz minha reserva pro Sábado e minha colega me deu as coordenadas de como chegar viva à cidade dela. Depois fomos todos,caminhando horas, tentando chegar num bairro badalado onde tinha vários restaurantes e ambients gays. Fomos nos parar num boteco onde só tinha a gente, onde levei uma facada de oito dólares numa fatia de cheese cake, após tantas taxas em cima dos 6 dólares originais.
Sábado de manhã o avô foi buscar a gente no consultório. Deixou Glynyale no lugar onde tomaria o ônibus até a estação de trem e comprei minha passagem pro dai seguinte. Depois ele me deixou no albergue. Teria que deixar minhas bagagens num canto lá até a hora do check-in. Cheguei cedo demais, por volta das 7 e o check-in só seria lá pelas duas. O recepcionista tentou me vender um cadeado por 4 dólares pra eu guardar a bagagem com segurança. Felizmente não tinha mais cadeado e ele guardou num armário dos funcionários. Depois disso ainda conseui tomar café da manhã de graça no albergue, antes de ir pra mais um dia de congresso.
Tinha ficado extremamente indignada no dia anterior porque tinha perdido talvez umas das sessões mais interessante pra minha pesquisa, por causa da consulta descuidada da programacção, cujo manejo e esmiuçamento era dificultado pela quantidade de páginas. 415!!!! pra dar conta de um congresso de cinco dias com atividades simultâneas que ia das 8 da manhã às 10 da noite. Felizmente fiquei pro Sábado. Enquanto via a exposição de livros me bati num stand de pequisa e publicação sobre raça da AAA. O expositor me mostrara na rpogramação que naquele dia haveria uma sessão que era ainda mais próxima do tema que tô estudando. Fiz contatos importantes, comprei livros e de quebra ainda assistir à tal palestra, onde ataquei os palestrantes, falando do meu projeto e pedindo contatos.
No fim da tarde, mastigança feroz. Coquetel, que segundo as brasileras americanizadas estava à altura dos casamentos americanos.
Já faltando as forças, fomos de novo perâmbular atrás de bar. Paula, a carioca, e eu cantando de braços dado pelo meio da rua... Era a última noite de umas das brasileiras em São Francisco e a confraternização era lei.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Socializando...

Segundo dia de congresso. Os colegas do Sul que estão participando do mesmo programa de intercâmbio chegaram à Reunião. Nos encontramos pelos corredores e fomos assistir a uma palestra que falava sobre uma comunidade quilombola do Rio Grande Norte, cuja pesquisadora era carioca e dava aula em Londres. Conhecemos mais uma brasileira do Rio de Janeiro que mora nos Estados Unidos e foi apresentar um pôster sobre esterelização na Amazônia Brasileira. Confusão né??? O interessante de um congresso internacional é o multiculturalismo e a grata surpesa que todos os dias ele nos proporciona, seja de se bater com brasileiros espalhados pelo mundo, seja do contato com mundos inimagináveis narrados nos trabalhos etnográficos.
Enquanto eu e a colega gaúcha conversávamos em português, a carioca já foi chegando e puxando conversa, tentando aproximação, já que ela tava sozinha na cidade pra participar do evento. Foi legal porque a partir dalí tinhamos mais uma companheira pro comboio que lá pela sexta-feira já contava com dez pessoas, entre brasileiros, americanos, canadenses e suiços.
De noite fomos perâmbular por São Francisco, passando pela China Town, um conglomerado de lojas que vendiam artigos chineses e em seguida indo em busca de uma ponte que supunhamos seria a Golden Gate. Mera ilusão. Tivemos que nos contentar com a Bay Bridge. Foi divertido. Andamos, conversamos fiado, tiramos foto. De volta pra os arredores do hotel, a novela pra achar um bar legal e barato. Em São Franciso lugar legal tem de sobra, barato é que tava difícil. Depois de cansados de tanto rodar entranmos num lá qualquer pra conversar e beber um pouco. Paguei meus seis dólares num Smirnoff Ice, depois da tentativa mal sucedida de encontrar alguma bebida doce que se aproximasse, em qualidade, das nossas frutasroskas...
Quero ir pra casa!!!! Tô com saudade dos nossos sabores. Meu organismo tá pedindo um escaldado de sete verduras e azeite de dendê.

Tensões culturais, geracionais ou eu sou mal educada mesmo?????????

Ainda que nenhum sinal de leitura do primeiro capítulo da minha saga californiana, estou de volta para, aos poucos, satisfazer a curiosidade dos meus hipotéticos leitores.
Pois bem, o dito-cujo se estressou com minha cara quando, numa conversa que pensei que fosse de grupo - já que estávamos eu, minha colega e o avô - eu virava em direçao a minha colega enquanto o coroa falava. Como quando nas conversas informais, todos falamos de uma só vez e não fixamos o olhar em só um interlocutor sabem???? Pois é, o velhote me passou um corretivo dizendo que quando alguém falasse comigo que eu não podia olhar pra outra pessoa porque eu estaria sendo rude. Eu encarei a situção na tranquila, como uma sugestão de comportamento que eu podia acatar ou não. Tornei a segunda e o criaturo não perdoou: "olhe aí você fazendo de novo". Não deixei que a situação estragasse minha noite. Aliás tava tão bem nesse dia que o percalço passaria despercebido se não fosse a tensão de minha colega em achar que o avô estava tratando mal sua convidada. Enquanto o dito-cujo saiu pra ir buscar a "namorada" - uma sessentona que insistia em manter a pose de que tava tudo em cima - foi a hora da resenha. Glynnyale, inconformada com a tentativa civilizadora do avô, puxa conversa querendo saber o que eu achava da atitude dele. Disse que não achei nada demais, só uma rabujentice de um sujeito mais velho tentando ensinar bons modos aos mais moços desavisados. Ou então, a expectativa de alguém proveniente de uma classe social superior à minha com a expectativa de que eu tivesse os mesmos modos que ele. Depois até me passou pela cabeça a possibilidade de algum trauma racial. Sei lá, às vezes passam coisas na cabeça desses ativistas raciais - o que era o caso dele no passado - que a nossa vã filosofia não alcança. (Talvez que uma quase branca estivesse destratando ou sendo rude porque ele era negro, vai saber!!!)
Chegando no hotel a resenha continua. Glynnyale liga pra mãe e o percalço da noite repercute, já que qualquer fato era tema de relatório para compartilhar as experiências dela com uma Native Brasilian. Relatando o episódio para a mãe, ela chama atenção para a minha postura e reação positiva, dizendo que procedi a uma análise antropológica do constrangimento e não me senti tão desconfortável.
Outro tema pra resenha foi o namorico do avô. Minha colega não vai muito com a cara da vódrasta e então começamos a falar da pobre mulher... Disse que tinha ido com a cara dela, que era simpática etc, que só não tinha gostado do cabelo - lembram daqueles cabelos armados à laquê das misses dos anos 20 ou 40, com um leve topogã no lugar da franja - pois tal era a paisagem... - isso foi motivo pra gargalhada e telefonema pra mãe no meio da madrugada porque o tal cabelo já era tema de piada interna na família e eu estava alinhadíssima com o veneno que escorria contra a pobre criatura.
Assim termina a segunda noite em São Francisco...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

12 dias na California - Parte 1

Cá estou eu mais uma vez após longo período de ausência. Mas o motivo foi justo: 12 dias na Califórnia. Pois é meus caros, sempre tive curiosidade de ver a Golden Gate de perto, mas nem me passou pela cabeça dar uma passadinha em São Francisco durante minha estada por aqui. Não fosse a Ameriacan Anthropological Association Meeting (AAA)- essa sigla faz lembrar alguma coisa: seria Antropólogos Alienados Anônimos? só o decorrer do congresso me diria - não teria pisado meus pésinhos nessa terra tão linda.
Viagem com obrigações profissionais dar um sabor a mais... dá justificativa para o investimento de tempo e dinheiro; não somente lazer e diversão que a herança paterna sempre fez questão de lembrar que deve vir em último plano. Graças a Deus estou me libertando disso e o hedonismo tem-se feito mais presente na minha vida nos últimos anos. Mas para além das digressões psico-traumáticas, voltemos à C-A-L-I. Esse é o apelido carinhoso pra Velha Califórnia. Cheguei em São Francisco 18 de novembro onde fiquei de encontrar a criatura que me suportaria nesses 12 dias. Cheguei no aeroporto. A peste não atende o celular. Minha primeira incursão solitária em outro estado americano. Pequeno frio na barriga, mas sem tempo pro desespero, tinha todas as informações necessárias pra chegar ao meu destino e finalmente a criatura atendeu o telefone, já desesperada porque tinha perdido minha chamada. Família toda em estado de alerta!
Desembolsei meus 16 dólares de traslado pro hotel e cheguei íntegra!
Sem muito ânimo pra mais nada - depois de tantas horas de viagem - fui procurar alguma coisa pra comer e voltei pro hotel.
Detalhe: o hotel pra os três primeiros dias foi cortesia da mami da colega, uma saleswoman bem relacionada que conseguiu a tal proeza, for free, num hotel no centro da cidade, que ficava há três blocos do hotel onde aconteceriam as conferência.
Minha colega me acompanharia no congresso sem ter feito inscrição nem nada.Já tínhamos o plano para qualquer interpelação: ela se passaria por minha intérprete.
Mas nem foi necessário colocar o plano em prática. Parece que o acesso a essas reuniões aqui é democrático, sem a neurose dos cerimoniais brasileiros que só falta pedir certidão de nascimento e antecedentes criminais pra deixar um penetra assistir uma palestrazinha.
No primeiro dia de reunião - depois de uma água suja que eles chamavam de café e um pão com ovo - fui assistir um workshop que apesar de girar em torno da ladainha acerca da teoria e prática antropológica e dos queixumes dos profissionais que correm o risco de morrer de fome se não pegar uma ponta na academia foi muito interesssante; uma revisão das contribuições teóricas da Antropologia (Taylor, Frazer, Geertz e cia) e contato com as queixas dos antropólogos made in USA acerca do campo profissional.
De tarde foi a hora do turismo. Intervalo que eu me dei pra dar uma olhada na cidade, porque se fizesse vontade a AAA ficaria na reunião todos os dias da 8 da manhã às 10 da noite.
Fui ao Pier 39, onde almocei num restaurante temático interessante baseado no filme Forrest Gump. Quando queríamos atendimento dos garçons sinalizavamos com uma plaquinha onde tinha escrito STOP FORREST STOP. Quando queríamos que eles caíssem fora era só virar a plaquinha onde se lia RUN FORREST RUN. Legal! Poupa-nos do inconveniente de toda hora dizer que tá tudo bem e que não precisamos de mais nada ou de ter que ficar gritando o garçon pelo restaurante. Depois foi a vez das fotos e do consumismo desenfreado nas lojas dos souvernirs.
Depois voltamos pro Hilton, pra assistir mais uma sessão de palestras e mais tarde mais uma cortesia da família: jantar com o avô da colega num restaurante ultra-chic ao som do piano, onde os pratos custavam de 13 dólares pra cima. Provei pela primeira vez a apple pie.
Percalço: tensão!!! Meus modos tupiniquins desagradaram o avô da criatura.
Por hora deixo vocês na curiosidade...

domingo, 16 de novembro de 2008

A Night





Advertência: Este post possui conteúdo que poder ofender os mais puros de espírito. Sendo assim, fique claro para todos os leitores que aqui não vai nenhuma intenção de desrespeitá-los ou ofendê-los moralmente, mas fazer um breve relato da minha observação sobre a depravação americana.



























Para aqueles que reivindicam a putaria como um valor inato e exclusivo da brasilidade fiquem cientes de que aqui existe e não é em lugares reservados como prostíbulos (ou bordéis, pra quem preferir um termo mais bonitinho) ou bailes phunk, lugares especializados, que no Brasil só frequenta quem vai em busca da coisa. NÃO!!! Boates, festinha de faculdade ou qualquer lugar que tenha luzes apagadas e só perminta a entrada de maiores de 18 anos requer atenção e cuidado. Por aqui a velha história do rapaz convidar a moça pra contradança é coisa do passado. Se a menina mexe a pélvis os rapazes começam a se aproximar e, se percebem alguma disposição da menina, já partem pra ignorância e começam a ensaiar suas posições sexuais. Sim, porque passo de dança é que não era. Nessas horas é sempre bom estar acompanhada dos amigos que possam nos proteger de qualquer eventualidade. Nesse dia, felizmente estava acompanhada de duas amigas e um amigo que fazia nossa guarda.
Já havia sido informada de que a night aqui não era das mais adequadas para uma senhorita desacompanhada. Duas conhecidas brasileiras já haviam ido numa festa e saído envergonhadas e escoltadas também por um amigo que montava guarda.
No dia da minha primeira incursão na night americana, não me parecia que seria uma festa tal como descrita pelas pobres brasileiras (cuja descrição achei que fosse exagero), nem que passaria por qualquer constrangimento, pois parecia se tratar de uma festa, onde todas os alunos da faculdade estariam presentes, parecendo mesmo uma festa fechada, como continuação de uma celebração das culturas que tinha acontecido antes no campus.
Felizmente não me furtei de ir ao recinto, pois com olhar antropológico, que tenta extrair a lógica de tudo, pude perceber que se tratava de um comportamento "normal" e que a esfregação não parecia ser sinônimo de vulgaridade, pois pessoas que aparentam ter conduta ilibada também apresentavam o mesmo modo ousado de portar-se nas festas.
Teoria: O acesso a essas festas só é permitida aos maiores de 18 anos, dos quais só aos maiores de 21 é permitido o consumo de bebida alcóolica. Como saber da idade? Uma pulseira de identificacão informa se vc está habilitado ou não ao consumo, após verificação da data de nascimento na entrada do estabelecimento. Revista de corpo e pertences. Fumar é proibido. Resultado: é através do corpo que a liberdade se exerce e através daquilo que é tabu - o sexo. Rituais eróticos na pista de dança. Carinhos ousados pelos cantos da boate. Nunca vi tamanha objetificação da mulher. Acho que pior só nas boates gays e nos bailes phunk.
Não quero que os gays ou phunkeiros se sintam ofendidos. Pior aqui significa mais promíscuo ou permissivo se é que tais palavras são menos ofensivas.

(Esse mundo tá perdido. Nunca me senti tão próxima de uma carola!!! kkkk)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Avarias do inverno

Hoje fez 1 grau pela manhã. Após os -2 da madrugada os pára-brisas amanheceram congelados. Eu caí na besteira de sair com uma sandalhinha e quase perco dois dedos do pé se não corro, imediatamente, pra fazer um escalda-pé na pia do banheiro da faculdade. Já ouvi falar de gente que largou a orelha pelo caminho ou que perdeu o cabelo por ter molhado antes de sair em temperaturas muito baixas. Daqui pra frente vou tratar de ser mais cautelosa, o inverno cruelmente se aproxima e eu não quero voltar pra casa com avarias...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Discurso de Obama

"Olá, Chicago! Se alguém aí ainda dúvida de que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda se pergunta se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nossos tempos, que ainda questiona a força de nossa democracia, esta noite é sua resposta.
É a resposta dada pelas filas que se estenderam ao redor de escolas e igrejas em um número como esta nação jamais viu, pelas pessoas que esperaram três ou quatro horas, muitas delas pela primeira vez em suas vidas, porque achavam que desta vez tinha que ser diferente e que suas vozes poderiam fazer esta diferença.

É a resposta pronunciada por jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, indígenas, homossexuais, heterossexuais, incapacitados ou não-incapacitados.

Americanos que transmitiram ao mundo a mensagem de que nunca fomos simplesmente um conjunto de indivíduos ou um conjunto de Estados vermelhos e Estados azuis.

Somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América. É a resposta que conduziu aqueles que durante tanto tempo foram aconselhados por tantos a serem céticos, temerosos e duvidosos sobre o que podemos conseguir para colocar as mãos no arco da História e torcê-lo mais uma vez em direção à esperança de um dia melhor.

Demorou um tempo para chegar, mas esta noite, pelo que fizemos nesta data, nestas eleições, neste momento decisivo, a mudança chegou aos EUA. Esta noite, recebi um telefonema extraordinariamente cortês do senador McCain.

O senador McCain lutou longa e duramente nesta campanha. E lutou ainda mais longa e duramente pelo país que ama. Agüentou sacrifícios pelos EUA que sequer podemos imaginar. Todos nos beneficiamos do serviço prestado por este líder valente e abnegado.

Parabenizo a ele e à governadora Palin por tudo o que conseguiram e desejo colaborar com eles para renovar a promessa desta nação durante os próximos meses.

Quero agradecer a meu parceiro nesta viagem, um homem que fez campanha com o coração e que foi o porta-voz de homens e mulheres com os quais cresceu nas ruas de Scranton e com os quais viajava de trem de volta para sua casa em Delaware, o vice-presidente eleito dos EUA, Joe Biden.

E não estaria aqui esta noite sem o apoio incansável de minha melhor amiga durante os últimos 16 anos, a rocha de nossa família, o amor da minha vida, a próxima primeira-dama da nação, Michelle Obama.

Sasha e Malia amo vocês duas mais do que podem imaginar. E vocês ganharam o novo cachorrinho que está indo conosco para a Casa Branca.

Apesar de não estar mais conosco, sei que minha avó está nos vendo, junto com a família que fez de mim o que sou. Sinto falta deles esta noite. Sei que minha dívida com eles é incalculável.

A minha irmã Maya, minha irmã Auma, meus outros irmãos e irmãs, muitíssimo obrigado por todo o apoio que me deram. Sou grato a todos vocês. E a meu diretor de campanha, David Plouffe, o herói não reconhecido desta campanha, que construiu a melhor campanha política, creio eu, da história dos EUA da América.

A meu estrategista chefe, David Axelrod, que foi um parceiro meu a cada passo do caminho. À melhor equipe de campanha formada na história da política.

Vocês tornaram isto realidade e estou eternamente grato pelo que sacrificaram para conseguir. Mas, sobretudo, não esquecerei a quem realmente pertence esta vitória. Ela pertence a vocês. Ela pertence a vocês.

Nunca pareci o candidato com mais chances. Não começamos com muito dinheiro nem com muitos apoios. Nossa campanha não foi idealizada nos corredores de Washington. Começou nos quintais de Des Moines e nas salas de Concord e nas varandas de Charleston.

Foi construída pelos trabalhadores e trabalhadoras que recorreram às parcas economias que tinham para doar US$ 5, ou US$ 10 ou US$ 20 à causa.

Ganhou força dos jovens que negaram o mito da apatia de sua geração, que deixaram para trás suas casas e seus familiares por empregos que os trouxeram pouco dinheiro e menos sono.

Ganhou força das pessoas não tão jovens que enfrentaram o frio gelado e o ardente calor para bater nas portas de desconhecidos, e dos milhões de americanos que se ofereceram como voluntários e organizaram e demonstraram que, mais de dois séculos depois, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desapareceu da Terra.

Esta é a vitória de vocês. Além disso, sei que não fizeram isto só para vencerem as eleições. Sei que não fizeram por mim.

Fizeram porque entenderam a magnitude da tarefa que há pela frente. Enquanto comemoramos esta noite, sabemos que os desafios que nos trará o dia de amanhã são os maiores de nossas vidas - duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira em um século.

Enquanto estamos aqui esta noite, sabemos que há americanos valentes que acordam nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para dar a vida por nós.

Há mães e pais que passarão noites em claro depois que as crianças dormirem e se perguntarão como pagarão a hipoteca ou as faturas médicas ou como economizarão o suficiente para a educação universitária de seus filhos.

Há novas fontes de energia para serem aproveitadas, novos postos de trabalho para serem criados, novas escolas para serem construídas e ameaças para serem enfrentadas, alianças para serem reparadas.

O caminho pela frente será longo. A subida será íngreme. Pode ser que não consigamos em um ano nem em um mandato. No entanto, EUA, nunca estive tão esperançoso como estou esta noite de que chegaremos.

Prometo a vocês que nós, como povo, conseguiremos. Haverá percalços e passos em falso. Muitos não estarão de acordo com cada decisão ou política minha quando assumir a presidência. E sabemos que o Governo não pode resolver todos os problemas.

Mas, sempre serei sincero com vocês sobre os desafios que nos afrontam. Ouvirei a vocês, principalmente quando discordarmos. E, sobretudo, pedirei a vocês que participem do trabalho de reconstruir esta nação, da única forma como foi feita nos EUA durante 221 anos, bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada sobre mão calejada.

O que começou há 21 meses em pleno inverno não pode acabar nesta noite de outono.

Esta vitória em si não é a mudança que buscamos. É só a oportunidade para que façamos esta mudança. E isto não pode acontecer se voltarmos a como era antes. Não pode acontecer sem vocês, sem um novo espírito de sacrifício.

Portanto façamos um pedido a um novo espírito do patriotismo, de responsabilidade, em que cada um se ajuda e trabalha mais e se preocupa não só com si próprio, mas um com o outro.

Lembremos que, se esta crise financeira nos ensinou algo, é que não pode haver uma Wall Street (setor financeiro) próspera enquanto a Main Street (comércio ambulante) sofre.

Neste país, avançamos ou fracassamos como uma só nação, como um só povo. Resistamos à tentação de recair no partidarismo, na mesquinharia e na imaturidade que intoxicaram nossa vida política há tanto tempo.

Lembremos que foi um homem deste estado que levou pela primeira vez a bandeira do Partido Republicano à Casa Branca, um partido fundado sobre os valores da auto-suficiência e da liberdade do indivíduo e da união nacional.

Estes são valores que todos compartilhamos. E enquanto o Partido Democrata conquistou uma grande vitória esta noite, fazemos com certa humildade e a determinação para curar as divisões que impediram nosso progresso.

Como disse Lincoln a uma nação muito mais dividida que a nossa, não somos inimigos, mas amigos. Embora as paixões os tenham colocado sob tensão, não devem romper nossos laços de afeto.

E àqueles americanos cujo apoio eu ainda devo conquistar, pode ser que eu não tenha conquistado seu voto hoje, mas ouço suas vozes. Preciso de sua ajuda e também serei seu presidente.

E a todos aqueles que nos vêem esta noite além de nossas fronteiras, em Parlamentos e palácios, a aqueles que se reúnem ao redor dos rádios nos cantos esquecidos do mundo, nossas histórias são diferentes, mas nosso destino é comum e começa um novo amanhecer de liderança americana.

A aqueles que pretendem destruir o mundo: vamos vencê-los. A aqueles que buscam a paz e a segurança: apoiamo-nos.

E a aqueles que se perguntam se o farol dos EUA ainda ilumina tão fortemente: esta noite demonstramos mais uma vez que a força autêntica de nossa nação vem não do poderio de nossas armas nem da magnitude de nossa riqueza, mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e firme esperança.

Lá está a verdadeira genialidade dos EUA: que o país pode mudar. Nossa união pode ser aperfeiçoada. O que já conseguimos nos dá esperança sobre o que podemos e temos que conseguir amanhã.

Estas eleições contaram com muitos inícios e muitas histórias que serão contadas durante séculos. Mas uma que tenho em mente esta noite é a de uma mulher que votou em Atlanta.

Ela se parece muito com outros que fizeram fila para fazer com que sua voz seja ouvida nestas eleições, exceto por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.

Nasceu apenas uma geração depois da escravidão, em uma era em que não havia automóveis nas estradas nem aviões nos céus, quando alguém como ela não podia votar por dois motivos - por ser mulher e pela cor de sua pele.

Esta noite penso em tudo o que ela viu durante seu século nos EUA - a desolação e a esperança, a luta e o progresso, às vezes em que nos disseram que não podíamos e as pessoas que se esforçaram para continuar em frente com esta crença americana: Podemos.

Em uma época em que as vozes das mulheres foram silenciadas e suas esperanças descartadas, ela sobreviveu para vê-las serem erguidas, expressarem- se e estenderem a mão para votar. Podemos.

Quando havia desespero e uma depressão ao longo do país, ela viu como uma nação conquistou o próprio medo com uma nova proposta, novos empregos e um novo sentido de propósitos comuns. Podemos.

Quando as bombas caíram sobre nosso porto e a tirania ameaçou ao mundo, ela estava ali para testemunhar como uma geração respondeu com grandeza e a democracia foi salva. Podemos.

Ela estava lá pelos ônibus de Montgomery, pelas mangueiras de irrigação em Birmingham, por uma ponte em Selma e por um pregador de Atlanta que disse a um povo: "Superaremos". Podemos.

O homem chegou à lua, um muro caiu em Berlim e um mundo se interligou através de nossa ciência e imaginação. E este ano, nestas eleições, ela tocou uma tela com o dedo e votou, porque após 106 anos nos EUA, durante os melhores e piores tempos, ela sabe como os EUA podem mudar. Podemos.

EUA avançamos muito. Vimos muito. Mas há muito mais por fazer.

Portanto, esta noite vamos nos perguntar se nossos filhos viverão para ver o próximo século, se minhas filhas terão tanta sorte para viver tanto tempo quanto Ann Nixon Cooper, que mudança virá? Que progresso faremos?

Esta é nossa oportunidade de responder a esta chamada. Este é o nosso momento. Esta é nossa vez.

Para dar emprego a nosso povo e abrir as portas da oportunidade para nossas crianças, para restaurar a prosperidade e fomentar a causa da paz, para recuperar o sonho americano e reafirmar esta verdade fundamental, que, de muitos, somos um, que enquanto respirarmos, temos esperança.

E quando nos encontrarmos com o ceticismo e as dúvidas, e com aqueles que nos dizem que não podemos, responderemos com esta crença eterna que resume o espírito de um povo: Podemos.

Obrigado. Que Deus os abençoe. E que Deus abençoe os EUA da América".

Errata:

Onde se lê "cantavam o hino dos Estados Unidos", leia-se cantavam o Black Nation Anthem - Life Every Voice.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Yes, We can!!!

Esse é o slogan da campanha do candidato que representa uma parcela da população que tá cansada de não poder.
04 de novembro. Obama ganha as eleições nos Estados Unidos. Primeiro negro na presidência americana e cá estou eu na primeira universidade para negros. Podem imaginar como está sendo a comoção, né? É torcida na apuração dos votos, é gente chorando e se abraçando pra tudo quanto é lado, outros agradecem a Deus pela benção e, por aí, vai. Os votos nem tinham acabado de ser apurados, mas diante da iminente derrota de Mc Cain todos já se reuniam no pátio; teve discurso e todos de mãos dadas cantavam o hino dos Estados Unidos. As imandades fizeram sua tradicional dança em homenagem a vencedor e em seguida os alunos saíram as ruas pra comemorar...
Para além dos extravasamentos emocionais, é preciso considerar o significado dessa eleição para o mundo, para os americanos, mas principalemente para a população afro-americana que aqui é minoria de verdade - 12% dos cidadãos.
Os ventos da mudança começamn a soprar e nos olhos das pessoas a esperança em Obama como em um Messias, como aconteceu com Lula.



A filha de Martin Luther King Jr. fala na televisão, Obama declara seu amor à mulher e a família, toda uma atmosfera sensacionalista de apelo nacionalista envolve o acontecimento, ao qual é impossível assistir imune (larguei meus afazeres, com uma prova na boca, pra registrar o momento). Mas enfim valeu a pena.
Não é todo dia que a gente vê uma população engajada politicamente, mesmo quando votar não é uma obrigação civil.
Não é todo dia que se vê jovens interessados de verdade em um acontecimento político do seu país.
Não é todo dia que um candidato tem 95% dos votos para presidente da república em um estado como aconteceu em Columbia. (No Tennessee, vitória de Mc Cain, com 60% dos votos. Por aqui o povo é meio conservador. Apelava-se para a juventude e inexperiência de Obama, contra o pé na Cova de Mc Cain pra justificar que Obama não deveria levar o mandato).
Enfim, essa é atmosfera política nos últimos minutos que antecedem a vitória de Obama.

sábado, 1 de novembro de 2008

Sorvete frito

Hoje fui andar pela cidade e comentei com uma colega que queria tomar um sorvete mas que nem deveria me dar aos excessos gelados por causa da garganta, uma vez que em clima tão instável como o de Nashville a gripe é uma realidade banal. Sarcasticamente ela disse que eu devia tomar um sorvete mais quentinho ou quem sabe, frito!!!
Pensei que era só mais uma reação impaciente às minhas contradições. Mas não é que o sorvete frito existe de verdade?! Fomos parar no Las Palmas e provei do dito cujo. Pra os conhecedores da culinária mexicana pode não parecer nenhuma novidade, mas no mexicano que já fui por aí nunca tinha ouvido falar do tal sovete que de frito só tem mesmo a cobertura.

sábado, 25 de outubro de 2008

Vacations and holidays

O que para pessoas normais é motivo de alegria, aqui, pra mim, é motivo de reflexão, tristeza, solidão...
É uma sensação muito desagradável, o campus fica mais morto que o de costume e é a hora de pensar em tudo que poderia estar sendo feito mas que a letargia não deixa.
É dia de todos irem visitar suas famílias e de eu me dar contar que por aqui amigos de verdade talvez seja algo que não existe ou que talvez eu não tenha competência de fazer.
A mim só resta enfiar a cara no livro, e, quando qualquer distração interrompe é hora de olhar pro lado e ver o vazio.
Sair da cidade só de carro, avião, táxi... o que pra mim é inviável se eu quiser continuar firme no intento de ir conhecer as grandes metrópoles. (Ah que saudade tenho dos ônibus. Prometo que antes de uma próxima investida internacional estarei portando minha carteira de motorista, aliás vai ser uma das primeiras providências quando voltar, pois assim vou ser capaz de alugar um carro e sair me aventurando pelo mundo).

Aprendi o passo a passo do choque cultural, estou passando por aquele em que nada presta e o que não for sinônimo de casa não me parece coisa boa.

Por enquanto é isso.

Quando meu humor melhorar vou tentar fazer do diário algo mais divertido e interessante...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Sobre imundície...

De biscoito recheado colado no sofá eu até já tinha ouvido falar...
mas de bosta de cachorro colada no chão da cozinha tenha divina paciência, porque a santa já não resolve mais!!!



Pois é, dizem as más línguas das diaristas brasileiras que derrubam até 5oo dólares por faxina, que as coisas no ambiente doméstico funcionam dessa forma.
Se por um lado há toda uma precupação com as normas sanitárias, na vida pública, é nas entranhas da privada (ou no chão da cozinha mesmo, kkkk) que reside a essência da higiene americana.
E este é só um dentre a infinidade de exemplos, como lavar tênis na máquina de lavar e lavar pano de chão na pia do banheiro ou quiçá na da cozinha (já que parece que por aqui ainda não inventaram a lavanderia).
Coisas coladas por toda a parte são justificadas pelo hábito, que já tá chegando no Brasil - das donas e donos (sim, pq a higiene não é uma responsabilidade de gênero) de casa metidos a besta que fingem não saber o caminho da cozinha - de deixar tudo pra ser feito pela pobre da doméstica que aparece quinzenalmente pra botar a casa abaixo; enquanto isso é roupa espalhada pra tudo quanto é canto e todos patinam na merda, porque a área de serviço ou quintal, quando existe, parece não atender a finalidade de abrigar os excrementos caninos.
Assim, braço pra que te quero: as serviçais põem-se a raspar o cocô a faca e gastar litros de detergente pra tornar o ambiente habitável novamente.
Mas, detalhes sórdidos a parte, quem se habilita a dar uma raspadinha por 500 barão??????

sábado, 18 de outubro de 2008

Sobre o estranhamento...

"Lua - "Então me diz qual é a graça de já sab enviou em 18/10/2008 07:30:

Oi. Tava dando uma olhada no seu blog. Faz um tempo que vc naum escreve, ne? O povo ja ta cobrando. Ta todo mundo aqui sentindo sua falta. Menos eu, claro. rs rs.
(...)
Acho que tudo isso passa por um processo de desestranhamento diante da alteridade (se eu tiver errada amiga antropologa, me alerte pq vc conhece melhor isso do que eu). A gente pára de se surpreender tanto com o nosso cotidiano, o que era diferente acaba se tornando cada vez mais nosso.
(...)
Tô com saudade dessas suas conversas antropológicas (e de outras tb.) Falando nisso... Pantanal ta pegando fogo..."

...

Lua e caros leitores, não há dúvida que acabamos nos familiarizando e nos acostumando com as diferenças, entretanto um antropólogo jamais pode se permitir a acomodação do desestranhamento ou ele estará arruinado!!!
A ausência nas últimas semanas se deve muito ao fato, de talvez, a incusão estar de fato acontecendo, o que vocês podem acompanhar nas narrativas visuais lá no Orkut.
Tô tentando me desligar um pouco das coisas daí e talvez a ausência do blog faça parte desse processo. Mas para além das elocubrações subjetivas, foi também falta de tempo e preguiça de escrever. kkkkkk
Essa semana tive algumas obrigações acadêmicas de meado de semestre e nas semanas precedentes andei meio borocoxô e não quis fazer do blog um diário de lamúrias
Mas agora tudo volta a normalidade. Tem algumas coisinhas pra contar, mas ainda tô com preguiça de escrever. Além disso, se eu demorar muito é porque as intempéries climáticas estão interferindo no processo; os dedos começam a congelar...

domingo, 28 de setembro de 2008

Matando a curiosidade

Ate hoje tem gente me perguntando como foi que rolou de eu vim pra ca. Pois bem, mais uma vez farei uso desse util instrumento pra polpar meus dedos com os minuciosos relatos personalizados e fazer com que a informacao chegue pra todo mundo de uma so vez.
Em setembro de 2007 participei de uma selecao feita por um grupo de pesquisa da Faculdade Filosofia e Ciencias Humanas da UFBA, na qual tinha que apresentar um projeto que relacionasse diversidade, multiculturalismo e diferencas na atencao a saude e que eu propusesse um estudo comparativo entre Brasil e EUA. Trata-se de um acordo bilateral de intercambio entre a Ufba a Ufrgs, no Brasil e a Fisk e a Vanderbilt, aqui, financiado pela CAPES e uma agencia de fomento que acho que eh daqui (FIPSE).
No ano passado so rolou uma bolsa pra Bahia e duas pro Rio Grande do Sul, ai quem veio foi um colega meu de Ciencias Sociais. Quando foi em maio deste ano o professor que fez a selecao me ligou perguntando se eu ainda tinha interesse no intercambio e, disfarcando minha euforia, fui pedindo todas as informacoes com tranquilidade. Dai ate o dia da viagem foi so consumicao: providenciar passaporte, esperar documento da faculdade que nunca chegava por causa da greve dos correios, ir pra Recife providenciar o visto, ja que na Bahia nao tem consulado americano. Enfim, deu tudo certo e to aqui muitas vezes ja querendo voltar, tantas outras achando que nao da tempo fazer tudo que tenho que fazer. Mas eh nessa contradicao que vou levando meus dias e tentando aproveitar da melhor forma. A esperanca do happy end eh que me anima.

Ah, quanto ao meu projeto: tratamento de saude etnicamente diferenciado. Quer mais detalhes? Va assistir a apresentacao da minha monografia, em Sao Lazaro, em 2010. Esepero que estejamos todos vivos daqui ate la!!!

Banzo

Saudade, homesick, seja la qual for a lingua ou palavra, esse eh o sentimento que vez por outra me acomete, principalemente nos finais de semana. Isso porque eh quando mais tomo consciencia de que aqui so vivo um dia atras do outro, sem fortes emocoes ou momentos de fato agradaveis como aqueles entre a familia, o amor ou os amigos. Claro que tenho passado por experiencias muito significativas, mas que por enquanto dizem mais respeito a vida academica; quanto a isso nao tenho do que me queixar: o sentimento de superacao cresce um dia apos o outro e me faz perceber o quanto somos muitas vezes acomodados e nos auto-sabotamos, nos colocando limites que na maioria das vezes nao existem. O contato com gente de varias culturas tambem eh uma experiencia maravilhosa. Faz a gente se dar conta que nossa visao de mundo, que ja eh limitada dentro do nosso proprio sistema de referencia – que eh a nossa cultura ou universo simbolico – torna-se infinitamente minuscula num mundo de possiblidades. Mas isso tudo isso fica pro consolo. Agora eh a hora do banzo!!!
Sair da rotina por uma semana, quinze dias ate um mes, que seja, parece algo muito atraente, mas quando vem a consciencia de que uma outra rotina se impoe por dois, tres, CINCO meses, bate o desespero. As referencias sao outras, as possibilidades, inesperadas. Nao se deseja o fim de semana; ele vem acompanhado de obrigacoes e monotonia, praticamente ninguem se ve; o exercito organico so deixa seu QG em busca da guarnicao. Almoco e janta sao as unicas horas que se ve pe de gente na faculdade e, mesmo assim, quando nao se vai em bando, a multidao e nada eh a mesma coisa.

sábado, 27 de setembro de 2008

Nota:

Senhores passageiros, em respeito a vossas solicitacoes, gostaria de comunicar que tambem nao gosto muito da ideia de nao usar nossa parafernalha ortografica, mas como diz Rafael, isso e reflexo do American Dream. Queiram compreender que meu teclado e gringo e nao entende que os acentos vao em cima das letras, o que causa muito transtorno na hora da digitacao. Sei que na hora da leitura tambem; mas queiram compreender o infortunio e continuem a bordo.
Quanto aos termos em ingles faz parte, afinal e ou nao eh uma incursao capitalista???? Tambem tenho meus percalcos por aqui...
Aproveitem pra tirar a poeira dos dicionarios!!!!

Beijinho pra todos.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Ouro preto

O assunto da vez por aqui e a falta de gasolina por conta do furacao que acometeu o Texas ha duas semanas e destruiu uma refinaria, ou sei la o que, que distribui petroleo pro lado de ca. O grande problema da galera por aqui e o comodismo e, muito provavelmente o sentimento que permeia alguns riquinhos metidos a besta ai do nosso Brasil varonil, de nao querer andar de buzu, por ser um habito plebeu. Tanto que se o bicho pegar mesmo, nem tem onibus suficiente pra todo mundo, ja que so uma companhia opera o transporte urbano por aqui, e alias que companhia!! O buzu por aki se abaixa, pra diminuir a dificuldade dos velhinhos com os degraus, alem de informar as ruas e paradas no seu intinerario.



Pois e, voltando pro assunto da gasolina, filas e filas se formam para comprar o combustivel racionado, e o bom por aqui e que o governo protege o consumidor: em caso de desastres naturais e escassez como esta, as distribuidoras nao podem se aproveitar das circustancias pra aumentar os precos. Enquanto isso as tropas americanas estao em Santos, bisbilhotando os pocos brasileiros…

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Diversidade

Estou tentando encontrar a tao falada restricao aos estrangeiros por aqui. Ate agora a unica coisa que vi foi um multiculturalismo sem tamanho. Na verdade, nao vi, por que ele nao salta aos olhos em expressoes ou manifestacoes culturais diversas. Na verdade, falo da presenca de gente das mais diversas nacionalidades: jamaicanos, coreanos, chineses, japoneses, sauditas, nigerianos, brasileiros, enfim... Imaginem que hoje peguei um buzu pra ir dar um role na cidade, cujo motorista era haitiano e falava frances, mora aqui ha 19 anos e, provavelmente ja esqueceu o caminho de casa.



Dia desses conversando com um Coreano nao pude deixar de perguntar sobre o habito de degustar cachorros, ao que hesitante ele respondeu que nao comia e que os corenaos gostam de cachorros. Percebendo o desconforto do cabra completei dizendo que eles gostavam pra comer. kkkk Foi divertido!!! Disse a ele que nao precisava se preocupar em me falar sobre esse habito, ja que no Brasil a gente come vaca e porco. Mas a conversa nao rendeu e ate hoje nao sei detalhes de como o dog e servido.
Outro dia ele levou umas sementes pra falar do cha que costuma tomar e fica falando dos habitos alimentares coreanos com uma medica brasileira que tem no curso de ingles. Diz ate que existe uma comida por la que eles fazem e enterram, por ate seis meses, e depois comem. E, de tanto comer cachorro estao internalizando o habito canino de enterrar o mangute.kkkkkkkkk
Outra conversa interssante foi com uma nigeriana que fala yoruba, meio tapadinha que nao sabia que no Brasil tinha negros e que comemos acaraje. La eles comem acara, que alias, e o nome certo da nossa iguaria. Ficou muito interessada quando disse que a gente tem um museu com orixas e outro chamado Casa do Benin.Aproveitei pra perguntar o significado das nossas palavras iorubanas, que infelizmente, na maioria dos casos, so os candoblcisticas e o pessoal do movimento negro conhece: ijexa, ile aye, orixa...Essa nigeriana me surpreendeu quando disse que preferia ter amigos brancos e que nao gostava do fato da faculdade ser so de negros, que isso nao permite a diversidade no campus, que so veio pra essa faculdade porque aconselham-na assim na Nigeria – provavelmente por saberem que o racismo por aqui e barra pesada. Ela disse que nao sabe o que e preconceito racial, por que por la todo mundo e igual e explica que talvez por isso prefira se relacionar com o diferente. Nao sei! To tao contaminada com o odio racial que nao consegui entender essa inclinacao dela pro outro lado. Mas, felizmente, ela ainda nao sabe o que e o preconceito, embora talvez, muito em breve ela va conhecer por aqui...

domingo, 14 de setembro de 2008

Alfabetizacao Cultural

O estrangeiro e como uma crianca que, a cada dia aprende um novo codigo e se impressiona com tantas coisas que ainda existem no mundo por aprender. A impressao e que por mais que eu fique aqui por anos e anos, haveria mais coisa entre o ceu e a terra do que minha va sensibilidade podera compreender.
Hoje e aniversario de uma colega e logo no café da manha, aprendi que, em alguns lugares por aqui, existe uma tradicao de dar dinheiro ao aniversariante. Fiquei sabendo disso porque ela exibia uma quantidade de cedulas presa na roupa por uma presilha, que e um sinal de que a pessoa esta completando primaveras – e que com toda discricao que me e peculiar perguntei porque ela trazia o dinheiro preso na roupa e nao em outro lugar. Outro dia, na minha ignorancia cultural, deixei de cumprimentar uma menina que estava fazendo aniversario porque desconhecia o tal codigo.
O pior e quando nos deparamos com os codigos falsos cognatas. Kkkk



Outro dia me deparei com uma criatura que toda hora ficava batendo a palma de umas das maos contra a outra mao fechada. O nosso famoso copinho! Nao tava entendendo o porque daquilo em meio a tantas pessoas que talvez fossem ate desconhecidas dela, mas enfim, por aqui isso nao e nenhuma obcenidade, ela so estava pedindo silencio e que as pessoas ficassem quietas (como quando, no volei, os jogadores sinalizam com as maos que precisam de um tempo), porque as apresentacoes musicais que estavamos assistindo precisava continuar e o povo tava muito inquieto.

sábado, 13 de setembro de 2008

Salvador Card

Esqueci de mencionar as coisas estranhas que devem ser copiadas: consegui meu Salvador Card estadunidense que me da direito de pegar buzu de graca quantas vezes eu quiser. Essa proeza e possivel gracas a um convenio entre uma faculdade barona e o sistema de transporte da cidade. Ou seja, nao sao todas as universidades que conferem tal direito a seus alunos.
Possivelmente isso deve chegar a Salvador no proximo Big-bang.

Onde estou????

As vezes parece tudo tao estranho aqui. Nao falo do convivio diario com as pessoas, das aulas, do onibus, do supermercado...
Apesar de eventualmente entrar em conflito com uma porta que insiste em se fechar sozinha, com um onibus que manda voce ficar sentado ate ele parar completamente, com uma assinatura optica, no supermercado, quando se compra com um cartao de debito, essas sao coisas high-tech com as quais a gente ja esta meio familiarizado gracas as producoes holywoodianas. Nao falo disso; falo da vida em si, do comportamento das pessoas, da aparente apatia diante da novidade ou de um estimulo (aqui falo da falta de animacao em festas, apesar de eu so ter ido pra um som que rolou aqui na faculdade e que fiquei por meia hora e, da indisposicao dos estudantes - a maioria de outros estados - de ir conhecer a cidade).
Nao e possivel para um estudante americano ter uma vida completa enquanto na faculdade: passam de 4 a 5 meses longe da familia e dos amigos; sua familia passa a ser os colegas da faculdade. Nao e possivel ter uma continuidade entre trabalho, estudo, familia, vida amorosa, amigos, festas, a nao ser que consigam mudar tudo para a cidade onde concentrarao seus estudos. E impressionante como, ate quem e daqui mesmo, acaba vindo morar na universidade.
Hoje fui dar um passeio rapido no centro, pensei que fosse encontrar mais vida por la; mas nao! a gente quase nao encontra um pe de gente andando por aqui. Nao sei se porque fim de semana, mas em geral a caracteristica das ruas e essa. Sempre desertas... O povo so anda de carro. Tambem, podendo comprar um por 3.000 dolares...
Justificam essa falta de vontade de conhecer a cidade pelo fato desta nao ser muito aberta a diversidade, e que se sente isso melhor quando e negro. Pode ser que sim, a falta de receptividade pode causar isso, mas me parece que a falta de interesse e curiosidade cultural e anterior ao temor de nao ser aceito.
Aqui parece mesmo um internato, cada um em sua cela, enclausurado em seu proprio mundo, embora eventualmente possam compartilhar a sala de estar pra ver um filme ou se encontrar duarante as refeicoe.
Nao sei de que forma talvez isso possa ajudar as pessoas a se concentrarem mais nos estudos, mas num primeiro olhar nao me parece tao saudavel...
Enfim, por enquanto esta e a percepcao da American Way of Life por aqui, que ainda to tentando significar...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Sobre o desperdicio

Definitivamente, este e o lugar…
Aqui as pessoas nao entendem quando a gente diz “just a little, please”.
- “Se voce nao quiser mais pode jogar fora, nao ligue pro resto do mundo que passa fome”. E por falar em fome, voces ja ouviram falar em uma historia macabra de que os indios por aqui fizeram um banquete pra receber seus colonizadores britanicos e que ao final, como agradecimento, eles mataram os indios e fundaram a Nova Inglaterra?
Pois e, essa e a historia extra-oficial que justifca a festa de acao de gracas por aqui ou thanksgiving, como diz o dialeto local, que sera celebrada na quarta quinta-feira do mes de novembro...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A libertacao (ou saindo da toca...)

Hoje foi o primeiro dia a botar a cara fora do campus, de fato. So tinha ido ali no Wall-Preco, de carona, para uma leve empreitada consumista. Imbuida da coragem de um turista pus-me a rriscar-me nas ruas de Nashville depois de diversas desconfiadas consultas sobre o melhor onibus a tomar. Cheguei em Vanderbilt, a disputada universidade dos exchange, com quase uma hora de antecedencia da aula. Enquanto esperava, assistia a uma especie de evento de boas vindas dos funcionarios,



com tudo que americano gosta: sorteio de brindes, muita goluseima, sessoes de massagem, painel para expressoes artisticas, fotos para recordacao... uma verdadeira quermesse primeiro-mundista.



Ao fundo, musica dos anos setenta, oitenta... E claro que nao ia ficar como cachorro em porta de acougue; nessas horas e sempre bom lembrar dos conceitos academicos pra justificar nossa cara-de-pau: pus-me aos poucos a praticar a “participacao observante”: uma aguazinha daqui, uma fotografia dali, ate a imersao completa: sorvete, sandwich, refrigerante, pipoca, massagem, caricatura, brindes... podia sair de la com uma viagem para as proximas ferias se a razao e a preocupacao com o horario do buzu nao me arrebatassem.




Foi um dia diferente e promissor. Os professores me receberam muito bem apesar da minha chegada com duas semanas de atraso. Assisti aula e depois fui tentar minha inscricao fora do prazo. Corre daki, corre dali, conheci uns quatro deles que falvam portugues, seja por quais motivos fossem. Foi o dia tambem de conhecer as figuras enigmatimaticas que vieram do Rio Grande do Sul participando do mesmo programa de intercambio. Apesar das ma referencias quanto aos provenientes do Sul, foram muito simpaticos; compartilharam comigo seus percalcos e se dispuseram a me atualizar quanto aos conteudos.
Tava disposta a so ficar na Fisk, mas um evento tragicomico me fez mudar de ideia: a descoberta de que uma das disciplinas que escolhi era on-line. Pra que diabos isto presta??? E logico que nao ia me abalar leguas pra vir cair no ciberespaco!!!!





Por isso Vanderbilt se impos na minha vida, alem do que vai ser muito mais produtivo, ja que la vou estudar Antropologia de verdade; na Fisk so estudarei temas tangenciais.
Ah! Para futuros editores e para aqueles que veem no livro um artigo de luxo, tomem nota de uma coisa: existe um troco aqui chamado text-book, que e a edicao piorada de uma publicacao que os estudantes usam, abusam, compram, vendem e trocam. E como aquelas edicoes baratinhas dos romances brasileiros, so que aqui e extensivo aos livros academicos que custam horrores. Me fizeram lembrar aqueles romances brega que vendem em Sebo e banca revista – Sabrina e companhia...
De volta a Fisk! Fui caminhar com as novas colegas, antes que seja necessario criarem um sutia para a barriga. Depois fui, finalmente, desfazer minha mala... me senti estranha, e como se aos poucos, comecasse a me dar conta de que cinco meses nao e tao pouco tempo assim...


Neurose in details

- Da proxima vez que for repetir uma refeicao, não o faça no mesmo prato se nao quiser parecer anti-higienico.
- E se eu quiser impressionar, que tal pedir a alguem pra fechar a torneira após lavar as mãos??????

domingo, 7 de setembro de 2008

As pessoas - Parte I

Todos tem sido muito prestativos. Sempre me abordam perguntando meu nome e de onde venho. Perguntam se conheco os brasileiros que passaram por aqui, se conheco uma tal de Adri do semestre de verao e dizem ate que pareco com ela. Imaginem, uma baiana parecida com uma gaucha. Mas enfim, bastou ser um pouquinho amarelo pra eles colocarem tudo no memo pacote… So um detalhe que ainda nao tinha contado: a Fisk e uma universidade de negros, por isso essa tendencia englobante de classificar tudo que e nao-negro como a mesma coisa. E a mesma historia do caminhao de japones…
Outro dia tava na fila do business office da universidade e a abordagem foi diferente; uma menina me viu com uma blusa e uma bolsa com palavras em portugues e ja veio me abordando falando portuges. Nao! Nao era brasileira. Tinha feito intercambio na Ufba, mais especificametne em Sao Lazaro, minha terra natal, kkkk. Disse que tinha ouvido falar que uma brasileira ia chegar e como viu coisas em portugues espalhadas pelo meu corpo logo supos que era eu. Me ajudou um pouco com os tramites burocraticos e vez por outra nos encontramos a caminho do refeitorio, que alias e onde mais se estabelecem as redes de sociabilidade; e impressionante como o ponto de encontro e sempre em torno da comida; o povo fica sentado em uns banquinhos perto da cafeteria, mesmo quando nao e hora das refeicoes, e ali conversam, conhece as pessoas; e tambem o lugar onde as irmandades se apresentam… Calma, nao sao irmandades homossexuais! Alias, eu nem sei ainda do que se trata exatamente. So sei que existe uma conpeticao entre elas, que existem simbolos, modos de agir e vestir a ela referentes e que uma delas foi extinta por que tratava os calouros de forma violenta. Tem ate partes do jardim que sao como territorios, membros de outra irmandade nao podem pisar, coisas do tipo. Ainda e uma coisa a ser melhor compreendida e que mais tarde vou tentar explicar.

Chegando...

Mais duas horas, de Dallas a Nahville; cheguei! Mais ou menos 11:45h do dia 02/09. Passagem rapida pelo restroom, cujo sensor de bunda era extremamente eficaz: descarga na entrada e na saida sem movimentar sequer um musculo.
Pequena apreensao: meu shuttle service nao estava la.
Um simpatico anciao tambem aguardava, com sua esposa, que o servico do hotel viesse busca-los. Admirado com minha mala, perguntou onde eu havia encontrado tamanho tao grande. Achei impossivel que ele, no primeiro mundo, nao tivesse encontrado ate maiores do que a minha. Mas toda essa conversa infrutifera foi providencial; comentei que meu transporte estava atrasado e que nao tinham como entrar em contato comigo. Afinal eu nao tinha um celular, a conta, pra ativar o roaming internacional... O simpatico velhinho logo me mostrou uma cabine com varios telefones, com os numeros de todos os shuttle services, nao imaginei que o meu pudesse estar la, pois este nao era vinculado a nenhum hotel especifico; mas estava...
Fiquei surpresa com essa cabine. Alem do servico telefonico gratuito, tinham varios assentos e ainda ar condicionado. Comentei que a gente nao tinha algo parecido no Brasil, me disseram que tambem era algo recente por aqui.
Liguei e 12:30h estavam la para me apanhar. O motorista me achou com cara familiar. Normalmente eles pegam os alunos no aeroporto todos os semestres letivos e achou que eu estava voltando de ferias. Foi o unico momento, desde que cheguei, que percebi que uma das coisas que faziam lembrar o Brasil era a mulher. Perguntei se eles ja tinham ouvido falar a respeito do pais e, um dos rapazes no onibus disse que era um dos paises que tinha as mulheres mais bonitas do mundo. Minha ressalva com o tema fez com que nao aumentasse conversa...
Cheguei na faculdade, finalmente! Fisk University. Uma colega de alojamento que estava passando logo me levou a Direcao do Dorm - e assim que eles chamam dormitorio -, larguei a bagagem e fui a Caf (cafeteria. em bom portugues, refeitorio) almocar. Primeira experiencia gastronomica (arrggg!!! ja estou comecando a nao aguentar), no primeiro dia tudo bem, se passa com uma fatia de pizza, um frango empanado ou coisas do tipo, mas o molho curry, como tempero predominante, ja nao suporto nem o cheiro, o tradicional tempero brasileiro com tomate, cebola, pimentao, alho e cominho, mandam lembranca... Tem ate algumas saladas, tenho as comido mais do que costumo no Brasil, tambem diante da falta de opcoes... e melhor arriscar no que e mais saudavel! Ja comeco a me preocupar em nao voltar quicando, mas acho que vai ser meio dificil voltar na forma original. Mas estou disposta a me esforcar. Diante de paisagens de silhuetas tao assustadoras, ate ja comecei a arriscar uns polichinelos e abdominais bymiself (So para ilustrar como e triste a obesidade aqui, tem um menino, ate jovem, que usa um top, uma especie de sutia, sei la, pra segurar a gordura do peito – e tragico). Estou, definitivamente, apavorada com a minha propensao a getting fat. E olhe que com meus 70kg pareco uma das mais magras do lugar. O legal e que pareco ter 22 ou 23 anos por aki. A galera de 19, 20 parece ter seus 25...
Essa primeira semana foi so para as solucoes burocraticas: pagar taxas da universidade, abrir conta em banco, fazer seguro saude e, o principal, sem o qual, nao posso viver aqui, my ID, cartao eletronico de identificacao do estudante, que me da acesso ao dormitorio, refeitorio, emprestimo em biblioteca, acesso a internet e o que ocorrer. E o meu codigo de barras ou numero da besta. Infelizmente, nao pude seguir a prescricao apocalipitica de me negar a aceita-lo. Era o pecado ou a morte!!!

sábado, 6 de setembro de 2008

Odisséia

Estava alegre apesar da apreensão e tristeza que permearam os dias que antecederam a viagem. Apesar do desconhecido a minha espera, sentia-me preparada para ele.
O dia foi estranho, quase não pensava em nada, sei lá, não tinha saudade de casa nem muita empolgação com a novidade, parecia que tava indo cumprir um destino e pronto!
Mais uma obrigação profissional talvez; mas não era isso, o destino não se busca, simplesmente chega.
É estranho porque pensei que quando chegasse esse momento ficaria muitíssimo radiante, pelo evento em si, mas não; fiquei feliz com o que isso pode vir a significar e significa na minha vida, mas não pelo simples fato de vir.
Era uma sensação de quebra, de que talvez eu estivesse deixando de realizar coisas que talvez fossem prioridade nesse momento da minha vida, mas ao mesmo tempo era o anuncio de que minha vez tinha chegado e que não tinha mais como voltar atrás.
Até São Paulo tudo bem, depois da facada de nove reais num cartão telefônico, a in-surpresa no check-in da American Airlines:
- Sua mala passou por algum lugar de sua casa ate o aeroporto? Como se ela pudesse ir dar um rolé sem mim, franzi a testa e disse que nao.
Logo soube que se tratava de um dos trezentos procedimentos de segurança pelo qual eu passaria ate a apreensão do meu quik de morango, em Dallas.


era de caixinha mas serve pra ilustrar


Ah e ainda teve as seis horas de espera pra conexão, que de tão enfadonha esqueci de mencionar. Nessas pequenas horas, a única coisa que me chamou atenção é que o aeroporto de Guarulhos parecia uma coisa tão banal na vida dos paulistanos, que tinha mais era cara de rodoviária.
De São Paulo ate Dallas foi chão (ou nuvem)… a contar de meia-noite foram nove horas de sono mal-dormido no assento irreclinável da segunda classe. Chegando lá, o relógio ainda queria me convencer de que eram sete da matina. Mas não adianta, eu estava perfeitamente lúcida, sem álcool, sonho ou qualquer alucinógeno: foram exatas NOVEMALDORMIDASHORAS…
Antes do desembarque em solo ianque, a “simpática” aeromoça logo quis me dar uma breve demonstração da “politesse americana” quando pedi licença pra voltar ao meu assento apos uma visita à cabine dos dejetos, ao que sem entender palavra, respondi ficando quietinha esperando pacientemente ela sair da minha frente.
Do alto, a cidade parecia irritantemente planejada, dividida com uma precisão inimaginável na Soterópolis. Era possível ver de perto os famosos "blocks" dos quais ate entao só tinha ouvido falar nas aulas de “giving directions” do curso de inglês.
Após a odisséia alfandegária ate a apreensão do quik, sigo para a revista de corpo e bagagem de mão. Embalo os líquidos e gel num saco plástico, boto os sapatos na bandeja e atravesso o portal detector de metais rumo ao “paraíso”.

Ufa! Terrorista é ninja!!!!!!!!

Ops! Não sei se devia ter escrito essa palavra.

Continua…