segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Indo pra casa...

É chegada a hora de voltar. É estranho como parece tudo fora do lugar. Sentimentos confusos, como se não pertencesse a lugar nenhum. Falo inglês com brasileiros, não encontro as palavras pra escrever e-mails formais em português, tenho amigos que provavelmente não seriam meus, mas que a terra estranha me trouxe. Foram quatro meses intensos, confusos, alegres, desafiadores. Cansei! Chorei, muitas vezes quis voltar pra casa, mas minha mania de dever cumprido me fez ficar e agora, hora de voltar, sinto que falta algo. Fiz muito com pouco, mas ainda assim o sentimento de que podia ser melhor aproveitado. Faltou aquilo que dá sentido a vida. As pessoas que amo perto de mim. E agora um medo estranho, o reverso daquele quando da chegada: o medo do conhecido. Como estarão as coisas, as pessoas, como estarei em relação elas e elas em relação a mim, são questões que ora me sobressaltam. A gente se acostuma com a solidão, em deixar as coisas fora do lugar, em não ter ninguém pra reclamar porque a calcinha tá em cima da escrivaninha (mesmo que vez por outra minhas colegas viessem tentar me envergonhar) kkkk. Ninguém pra me acordar ou me mandar dormir pq tá tarde. Mas também ninguém pra me dar colo nas horas de angustia ou quando me sentia só. Fiz poucas boas amizades. A quantidade necessária pra me amparar na hora da dificuldade e agora a saudade; promessas de visitas futuras que no fundo não sabemos se serão concretizadas, pessoas que ganahmos e perdemos num laprso de segundo. Não tive problemas de lidar com as diferenças, não briguei. Não acho que tenha mudado mudado e não sei se isso é bom. Numa coisa estou certa de que mudei: gosto mais do Brasil e também de alguns americanos. O choque cultural não foi tão grande já que a não-cultura americana é onipresente. Quiseram me fazer acreditar que sou rude, talvez porque tupiniquim. Mas em cultura repressora tal qual a norte-americana os mais polidos são infratores. Tudo é unpolite e ainda nos obrigam a pagar gorjetas.
Sou muito grata pela chance que poucos terão na vida e, mesmo que o país não seja lá o melhor dos destinos a se visitar, foi o que chegou pra mim em situação privilegiada, sem ter que limpar bunda de menino ou ser faz-tudo num dos postos da Seven-eleven. Não que sejam ofícios indignos, mas é só pra ilustrar o quão grata devo ser por ter tido a chance de botar a cara fora do Brasil sem ser submetida a exploração dos ratos americanos. Provei pratos de diferentes nacionalidades: grego, cubano, marroquino, espanhol, chinês, koreano, árabe, mas com um detalhe bem observado por uma chefe que tive a chance de conhecer: a grande maioria das vezes preparados por mexicanos. Afinal só eles e os chineses trabalham por aqui. kkkk Tudo é made in China. Até os mais americanos dos souveniers.
Tive medo de terrorismo. Festas de fim de ano em Nova York não é dos lugares mais seguros de se estar. Mas me disse uma americana que terrorismo não existe. Diversas teorias de conspiração intra-muros. Enfim, por ora é só, devo voltar arrumar as bagagens...