quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Diversidade

Estou tentando encontrar a tao falada restricao aos estrangeiros por aqui. Ate agora a unica coisa que vi foi um multiculturalismo sem tamanho. Na verdade, nao vi, por que ele nao salta aos olhos em expressoes ou manifestacoes culturais diversas. Na verdade, falo da presenca de gente das mais diversas nacionalidades: jamaicanos, coreanos, chineses, japoneses, sauditas, nigerianos, brasileiros, enfim... Imaginem que hoje peguei um buzu pra ir dar um role na cidade, cujo motorista era haitiano e falava frances, mora aqui ha 19 anos e, provavelmente ja esqueceu o caminho de casa.



Dia desses conversando com um Coreano nao pude deixar de perguntar sobre o habito de degustar cachorros, ao que hesitante ele respondeu que nao comia e que os corenaos gostam de cachorros. Percebendo o desconforto do cabra completei dizendo que eles gostavam pra comer. kkkk Foi divertido!!! Disse a ele que nao precisava se preocupar em me falar sobre esse habito, ja que no Brasil a gente come vaca e porco. Mas a conversa nao rendeu e ate hoje nao sei detalhes de como o dog e servido.
Outro dia ele levou umas sementes pra falar do cha que costuma tomar e fica falando dos habitos alimentares coreanos com uma medica brasileira que tem no curso de ingles. Diz ate que existe uma comida por la que eles fazem e enterram, por ate seis meses, e depois comem. E, de tanto comer cachorro estao internalizando o habito canino de enterrar o mangute.kkkkkkkkk
Outra conversa interssante foi com uma nigeriana que fala yoruba, meio tapadinha que nao sabia que no Brasil tinha negros e que comemos acaraje. La eles comem acara, que alias, e o nome certo da nossa iguaria. Ficou muito interessada quando disse que a gente tem um museu com orixas e outro chamado Casa do Benin.Aproveitei pra perguntar o significado das nossas palavras iorubanas, que infelizmente, na maioria dos casos, so os candoblcisticas e o pessoal do movimento negro conhece: ijexa, ile aye, orixa...Essa nigeriana me surpreendeu quando disse que preferia ter amigos brancos e que nao gostava do fato da faculdade ser so de negros, que isso nao permite a diversidade no campus, que so veio pra essa faculdade porque aconselham-na assim na Nigeria – provavelmente por saberem que o racismo por aqui e barra pesada. Ela disse que nao sabe o que e preconceito racial, por que por la todo mundo e igual e explica que talvez por isso prefira se relacionar com o diferente. Nao sei! To tao contaminada com o odio racial que nao consegui entender essa inclinacao dela pro outro lado. Mas, felizmente, ela ainda nao sabe o que e o preconceito, embora talvez, muito em breve ela va conhecer por aqui...

5 comentários:

Unknown disse...

Olá amiga.
Essa do coreano, hum.. ninguém merece esse mico, mas tudo bem. Faz parte. Em relação a nigeriana, por acaso é uma patyzinha metida a besta. Dizer que não sabia que aqui havia negros... me poupe. Ou será que ela quer dar uma de Bush que disse o mesmo nuna visita ao Brasil. Pra onde ela pensa que foram enviado milhoes de negras no período da diáspora africana? Pra África do Sul ficar ao lado de Mandela para lutar contra o apartheid? Pegue no pé dessa vaca. Malditos nigerianos (rsrsrs).

Anônimo disse...

Rapa: Ninguém merece comer cachorros! Não aceite nem bala dessa criatura - pode ser balas de chocolate com olho de cachorro! ECA!!!!!!!! Eu tb fiquei curiosa em relação a essa iguaria...
No que diz respeito à Nigeriana, pegue leve, pois ela não disponhe do infame repertório a respeito do racismo... Não tem culpa pela ignorância a respeito de onde tem ou deixa de ter negros. Se vc perguntar além do Brasil, México e Peru aonde mais tem índios, muita gente boa não vai acertar.. Não exija demais da moça (sem querer ofender... rsrsrsrsr)Seu blog está cada vez melhor. Elvis

Anônimo disse...

Como vc mesma diria, lá vou eu aqui exalando todo o meu ódio racial (rs rs rs):
Se eu morasse na Nigéria, TALVEZ também acreditasse que no Brasil não tem preto.
Aliás, me parece que uma das maiores preocupações dos brasileiros é mostrar que os poucos pretos que têm aqui(alguém aí viu a delegação brasileira na abertura das olimpíadas?)estão devidamente "domesticados".
E isso eu nem falei de bossa nova, garota de ipanema e as novelas transmitidas na globo internacional (?)...

Anônimo disse...

Queria entender que nota a Bossa Nova toca aí nesse comentário de Luanda.

abraços.

Anônimo disse...

"E isso eu nem falei de bossa nova, garota de ipanema e as novelas transmitidas na globo internacional (?)..."

Atendendo à solicitação do casal Tati e Jorge:

Os três exemplos que citei são construções sobre a representação do que seria cultura brasileira ( inclusive as novelas) no exterior.

No caso especial da bossa nova acho que a situação é ainda mais grave.

Isso porque a proposta da mesma é manipular um produto genuinamente negro e popular - como o samba - para torná-lo um produto de consumo para a classe média carioca e para o mundo, sem beneficiar em nada os produtores. Postura semelhante a da indústria do turismo na Bahia.

No seu surgimento, a zona sul fluminense, antenada com o que "rolava no mundo" - devido a constantes visitas à Europa e EUA - logo percebeu que , se "embranquecido", aquele era um PRODUTO VENDÁVEL que, (além de fazer os burguesinhos baianos, cariocas e paulistas ganharem uma puta grana tocando samba no violão)mostraria ao mundo que a produção musical brasileira era de "alta qualidade" e capaz de - sem abandonar sua raízes (rs rs)- ser consumida pelo "refinado" gosto norte-americano (copiando os tons do jazz, já devassado por Frank sinatra, e se afastando do samba de morro).

A bossa nova é somente mais um exemplo de como a cultura negra é manipulada no Brasil para que o mundo saiba que no Brasil existem negros (a aquela altura Carl Degler já havia espalhado esta "notícia" pelo mundo), mas que suas posições são bem diferentes das dos norte-americanos (tidos como "radicais" e selvagens).

Os negros brasileiros sabem reconhecer o seu lugar e permitem (aliás, gostam) de ver suas produções sendo "domesticadas" e expropriadas para e por determinados sujeitos.

poderia escrever mais coisas, mas prefiro continuar acompanhando a empreitada de tatiane.

deixo claro que não tenho nada contra bossa nova (ou novela da globo), só me intrigou o modo como ela fez o samba "se tornar branco na poesia...", excluindo músicos como Alaíde Costa e Paulo Moura - mesmo quando esses se sujeitavam a uma estética branca e elitista.

Beijinho, Luanda