domingo, 16 de novembro de 2008

A Night





Advertência: Este post possui conteúdo que poder ofender os mais puros de espírito. Sendo assim, fique claro para todos os leitores que aqui não vai nenhuma intenção de desrespeitá-los ou ofendê-los moralmente, mas fazer um breve relato da minha observação sobre a depravação americana.



























Para aqueles que reivindicam a putaria como um valor inato e exclusivo da brasilidade fiquem cientes de que aqui existe e não é em lugares reservados como prostíbulos (ou bordéis, pra quem preferir um termo mais bonitinho) ou bailes phunk, lugares especializados, que no Brasil só frequenta quem vai em busca da coisa. NÃO!!! Boates, festinha de faculdade ou qualquer lugar que tenha luzes apagadas e só perminta a entrada de maiores de 18 anos requer atenção e cuidado. Por aqui a velha história do rapaz convidar a moça pra contradança é coisa do passado. Se a menina mexe a pélvis os rapazes começam a se aproximar e, se percebem alguma disposição da menina, já partem pra ignorância e começam a ensaiar suas posições sexuais. Sim, porque passo de dança é que não era. Nessas horas é sempre bom estar acompanhada dos amigos que possam nos proteger de qualquer eventualidade. Nesse dia, felizmente estava acompanhada de duas amigas e um amigo que fazia nossa guarda.
Já havia sido informada de que a night aqui não era das mais adequadas para uma senhorita desacompanhada. Duas conhecidas brasileiras já haviam ido numa festa e saído envergonhadas e escoltadas também por um amigo que montava guarda.
No dia da minha primeira incursão na night americana, não me parecia que seria uma festa tal como descrita pelas pobres brasileiras (cuja descrição achei que fosse exagero), nem que passaria por qualquer constrangimento, pois parecia se tratar de uma festa, onde todas os alunos da faculdade estariam presentes, parecendo mesmo uma festa fechada, como continuação de uma celebração das culturas que tinha acontecido antes no campus.
Felizmente não me furtei de ir ao recinto, pois com olhar antropológico, que tenta extrair a lógica de tudo, pude perceber que se tratava de um comportamento "normal" e que a esfregação não parecia ser sinônimo de vulgaridade, pois pessoas que aparentam ter conduta ilibada também apresentavam o mesmo modo ousado de portar-se nas festas.
Teoria: O acesso a essas festas só é permitida aos maiores de 18 anos, dos quais só aos maiores de 21 é permitido o consumo de bebida alcóolica. Como saber da idade? Uma pulseira de identificacão informa se vc está habilitado ou não ao consumo, após verificação da data de nascimento na entrada do estabelecimento. Revista de corpo e pertences. Fumar é proibido. Resultado: é através do corpo que a liberdade se exerce e através daquilo que é tabu - o sexo. Rituais eróticos na pista de dança. Carinhos ousados pelos cantos da boate. Nunca vi tamanha objetificação da mulher. Acho que pior só nas boates gays e nos bailes phunk.
Não quero que os gays ou phunkeiros se sintam ofendidos. Pior aqui significa mais promíscuo ou permissivo se é que tais palavras são menos ofensivas.

(Esse mundo tá perdido. Nunca me senti tão próxima de uma carola!!! kkkk)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Avarias do inverno

Hoje fez 1 grau pela manhã. Após os -2 da madrugada os pára-brisas amanheceram congelados. Eu caí na besteira de sair com uma sandalhinha e quase perco dois dedos do pé se não corro, imediatamente, pra fazer um escalda-pé na pia do banheiro da faculdade. Já ouvi falar de gente que largou a orelha pelo caminho ou que perdeu o cabelo por ter molhado antes de sair em temperaturas muito baixas. Daqui pra frente vou tratar de ser mais cautelosa, o inverno cruelmente se aproxima e eu não quero voltar pra casa com avarias...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Discurso de Obama

"Olá, Chicago! Se alguém aí ainda dúvida de que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda se pergunta se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nossos tempos, que ainda questiona a força de nossa democracia, esta noite é sua resposta.
É a resposta dada pelas filas que se estenderam ao redor de escolas e igrejas em um número como esta nação jamais viu, pelas pessoas que esperaram três ou quatro horas, muitas delas pela primeira vez em suas vidas, porque achavam que desta vez tinha que ser diferente e que suas vozes poderiam fazer esta diferença.

É a resposta pronunciada por jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, indígenas, homossexuais, heterossexuais, incapacitados ou não-incapacitados.

Americanos que transmitiram ao mundo a mensagem de que nunca fomos simplesmente um conjunto de indivíduos ou um conjunto de Estados vermelhos e Estados azuis.

Somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América. É a resposta que conduziu aqueles que durante tanto tempo foram aconselhados por tantos a serem céticos, temerosos e duvidosos sobre o que podemos conseguir para colocar as mãos no arco da História e torcê-lo mais uma vez em direção à esperança de um dia melhor.

Demorou um tempo para chegar, mas esta noite, pelo que fizemos nesta data, nestas eleições, neste momento decisivo, a mudança chegou aos EUA. Esta noite, recebi um telefonema extraordinariamente cortês do senador McCain.

O senador McCain lutou longa e duramente nesta campanha. E lutou ainda mais longa e duramente pelo país que ama. Agüentou sacrifícios pelos EUA que sequer podemos imaginar. Todos nos beneficiamos do serviço prestado por este líder valente e abnegado.

Parabenizo a ele e à governadora Palin por tudo o que conseguiram e desejo colaborar com eles para renovar a promessa desta nação durante os próximos meses.

Quero agradecer a meu parceiro nesta viagem, um homem que fez campanha com o coração e que foi o porta-voz de homens e mulheres com os quais cresceu nas ruas de Scranton e com os quais viajava de trem de volta para sua casa em Delaware, o vice-presidente eleito dos EUA, Joe Biden.

E não estaria aqui esta noite sem o apoio incansável de minha melhor amiga durante os últimos 16 anos, a rocha de nossa família, o amor da minha vida, a próxima primeira-dama da nação, Michelle Obama.

Sasha e Malia amo vocês duas mais do que podem imaginar. E vocês ganharam o novo cachorrinho que está indo conosco para a Casa Branca.

Apesar de não estar mais conosco, sei que minha avó está nos vendo, junto com a família que fez de mim o que sou. Sinto falta deles esta noite. Sei que minha dívida com eles é incalculável.

A minha irmã Maya, minha irmã Auma, meus outros irmãos e irmãs, muitíssimo obrigado por todo o apoio que me deram. Sou grato a todos vocês. E a meu diretor de campanha, David Plouffe, o herói não reconhecido desta campanha, que construiu a melhor campanha política, creio eu, da história dos EUA da América.

A meu estrategista chefe, David Axelrod, que foi um parceiro meu a cada passo do caminho. À melhor equipe de campanha formada na história da política.

Vocês tornaram isto realidade e estou eternamente grato pelo que sacrificaram para conseguir. Mas, sobretudo, não esquecerei a quem realmente pertence esta vitória. Ela pertence a vocês. Ela pertence a vocês.

Nunca pareci o candidato com mais chances. Não começamos com muito dinheiro nem com muitos apoios. Nossa campanha não foi idealizada nos corredores de Washington. Começou nos quintais de Des Moines e nas salas de Concord e nas varandas de Charleston.

Foi construída pelos trabalhadores e trabalhadoras que recorreram às parcas economias que tinham para doar US$ 5, ou US$ 10 ou US$ 20 à causa.

Ganhou força dos jovens que negaram o mito da apatia de sua geração, que deixaram para trás suas casas e seus familiares por empregos que os trouxeram pouco dinheiro e menos sono.

Ganhou força das pessoas não tão jovens que enfrentaram o frio gelado e o ardente calor para bater nas portas de desconhecidos, e dos milhões de americanos que se ofereceram como voluntários e organizaram e demonstraram que, mais de dois séculos depois, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desapareceu da Terra.

Esta é a vitória de vocês. Além disso, sei que não fizeram isto só para vencerem as eleições. Sei que não fizeram por mim.

Fizeram porque entenderam a magnitude da tarefa que há pela frente. Enquanto comemoramos esta noite, sabemos que os desafios que nos trará o dia de amanhã são os maiores de nossas vidas - duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira em um século.

Enquanto estamos aqui esta noite, sabemos que há americanos valentes que acordam nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para dar a vida por nós.

Há mães e pais que passarão noites em claro depois que as crianças dormirem e se perguntarão como pagarão a hipoteca ou as faturas médicas ou como economizarão o suficiente para a educação universitária de seus filhos.

Há novas fontes de energia para serem aproveitadas, novos postos de trabalho para serem criados, novas escolas para serem construídas e ameaças para serem enfrentadas, alianças para serem reparadas.

O caminho pela frente será longo. A subida será íngreme. Pode ser que não consigamos em um ano nem em um mandato. No entanto, EUA, nunca estive tão esperançoso como estou esta noite de que chegaremos.

Prometo a vocês que nós, como povo, conseguiremos. Haverá percalços e passos em falso. Muitos não estarão de acordo com cada decisão ou política minha quando assumir a presidência. E sabemos que o Governo não pode resolver todos os problemas.

Mas, sempre serei sincero com vocês sobre os desafios que nos afrontam. Ouvirei a vocês, principalmente quando discordarmos. E, sobretudo, pedirei a vocês que participem do trabalho de reconstruir esta nação, da única forma como foi feita nos EUA durante 221 anos, bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada sobre mão calejada.

O que começou há 21 meses em pleno inverno não pode acabar nesta noite de outono.

Esta vitória em si não é a mudança que buscamos. É só a oportunidade para que façamos esta mudança. E isto não pode acontecer se voltarmos a como era antes. Não pode acontecer sem vocês, sem um novo espírito de sacrifício.

Portanto façamos um pedido a um novo espírito do patriotismo, de responsabilidade, em que cada um se ajuda e trabalha mais e se preocupa não só com si próprio, mas um com o outro.

Lembremos que, se esta crise financeira nos ensinou algo, é que não pode haver uma Wall Street (setor financeiro) próspera enquanto a Main Street (comércio ambulante) sofre.

Neste país, avançamos ou fracassamos como uma só nação, como um só povo. Resistamos à tentação de recair no partidarismo, na mesquinharia e na imaturidade que intoxicaram nossa vida política há tanto tempo.

Lembremos que foi um homem deste estado que levou pela primeira vez a bandeira do Partido Republicano à Casa Branca, um partido fundado sobre os valores da auto-suficiência e da liberdade do indivíduo e da união nacional.

Estes são valores que todos compartilhamos. E enquanto o Partido Democrata conquistou uma grande vitória esta noite, fazemos com certa humildade e a determinação para curar as divisões que impediram nosso progresso.

Como disse Lincoln a uma nação muito mais dividida que a nossa, não somos inimigos, mas amigos. Embora as paixões os tenham colocado sob tensão, não devem romper nossos laços de afeto.

E àqueles americanos cujo apoio eu ainda devo conquistar, pode ser que eu não tenha conquistado seu voto hoje, mas ouço suas vozes. Preciso de sua ajuda e também serei seu presidente.

E a todos aqueles que nos vêem esta noite além de nossas fronteiras, em Parlamentos e palácios, a aqueles que se reúnem ao redor dos rádios nos cantos esquecidos do mundo, nossas histórias são diferentes, mas nosso destino é comum e começa um novo amanhecer de liderança americana.

A aqueles que pretendem destruir o mundo: vamos vencê-los. A aqueles que buscam a paz e a segurança: apoiamo-nos.

E a aqueles que se perguntam se o farol dos EUA ainda ilumina tão fortemente: esta noite demonstramos mais uma vez que a força autêntica de nossa nação vem não do poderio de nossas armas nem da magnitude de nossa riqueza, mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e firme esperança.

Lá está a verdadeira genialidade dos EUA: que o país pode mudar. Nossa união pode ser aperfeiçoada. O que já conseguimos nos dá esperança sobre o que podemos e temos que conseguir amanhã.

Estas eleições contaram com muitos inícios e muitas histórias que serão contadas durante séculos. Mas uma que tenho em mente esta noite é a de uma mulher que votou em Atlanta.

Ela se parece muito com outros que fizeram fila para fazer com que sua voz seja ouvida nestas eleições, exceto por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.

Nasceu apenas uma geração depois da escravidão, em uma era em que não havia automóveis nas estradas nem aviões nos céus, quando alguém como ela não podia votar por dois motivos - por ser mulher e pela cor de sua pele.

Esta noite penso em tudo o que ela viu durante seu século nos EUA - a desolação e a esperança, a luta e o progresso, às vezes em que nos disseram que não podíamos e as pessoas que se esforçaram para continuar em frente com esta crença americana: Podemos.

Em uma época em que as vozes das mulheres foram silenciadas e suas esperanças descartadas, ela sobreviveu para vê-las serem erguidas, expressarem- se e estenderem a mão para votar. Podemos.

Quando havia desespero e uma depressão ao longo do país, ela viu como uma nação conquistou o próprio medo com uma nova proposta, novos empregos e um novo sentido de propósitos comuns. Podemos.

Quando as bombas caíram sobre nosso porto e a tirania ameaçou ao mundo, ela estava ali para testemunhar como uma geração respondeu com grandeza e a democracia foi salva. Podemos.

Ela estava lá pelos ônibus de Montgomery, pelas mangueiras de irrigação em Birmingham, por uma ponte em Selma e por um pregador de Atlanta que disse a um povo: "Superaremos". Podemos.

O homem chegou à lua, um muro caiu em Berlim e um mundo se interligou através de nossa ciência e imaginação. E este ano, nestas eleições, ela tocou uma tela com o dedo e votou, porque após 106 anos nos EUA, durante os melhores e piores tempos, ela sabe como os EUA podem mudar. Podemos.

EUA avançamos muito. Vimos muito. Mas há muito mais por fazer.

Portanto, esta noite vamos nos perguntar se nossos filhos viverão para ver o próximo século, se minhas filhas terão tanta sorte para viver tanto tempo quanto Ann Nixon Cooper, que mudança virá? Que progresso faremos?

Esta é nossa oportunidade de responder a esta chamada. Este é o nosso momento. Esta é nossa vez.

Para dar emprego a nosso povo e abrir as portas da oportunidade para nossas crianças, para restaurar a prosperidade e fomentar a causa da paz, para recuperar o sonho americano e reafirmar esta verdade fundamental, que, de muitos, somos um, que enquanto respirarmos, temos esperança.

E quando nos encontrarmos com o ceticismo e as dúvidas, e com aqueles que nos dizem que não podemos, responderemos com esta crença eterna que resume o espírito de um povo: Podemos.

Obrigado. Que Deus os abençoe. E que Deus abençoe os EUA da América".

Errata:

Onde se lê "cantavam o hino dos Estados Unidos", leia-se cantavam o Black Nation Anthem - Life Every Voice.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Yes, We can!!!

Esse é o slogan da campanha do candidato que representa uma parcela da população que tá cansada de não poder.
04 de novembro. Obama ganha as eleições nos Estados Unidos. Primeiro negro na presidência americana e cá estou eu na primeira universidade para negros. Podem imaginar como está sendo a comoção, né? É torcida na apuração dos votos, é gente chorando e se abraçando pra tudo quanto é lado, outros agradecem a Deus pela benção e, por aí, vai. Os votos nem tinham acabado de ser apurados, mas diante da iminente derrota de Mc Cain todos já se reuniam no pátio; teve discurso e todos de mãos dadas cantavam o hino dos Estados Unidos. As imandades fizeram sua tradicional dança em homenagem a vencedor e em seguida os alunos saíram as ruas pra comemorar...
Para além dos extravasamentos emocionais, é preciso considerar o significado dessa eleição para o mundo, para os americanos, mas principalemente para a população afro-americana que aqui é minoria de verdade - 12% dos cidadãos.
Os ventos da mudança começamn a soprar e nos olhos das pessoas a esperança em Obama como em um Messias, como aconteceu com Lula.



A filha de Martin Luther King Jr. fala na televisão, Obama declara seu amor à mulher e a família, toda uma atmosfera sensacionalista de apelo nacionalista envolve o acontecimento, ao qual é impossível assistir imune (larguei meus afazeres, com uma prova na boca, pra registrar o momento). Mas enfim valeu a pena.
Não é todo dia que a gente vê uma população engajada politicamente, mesmo quando votar não é uma obrigação civil.
Não é todo dia que se vê jovens interessados de verdade em um acontecimento político do seu país.
Não é todo dia que um candidato tem 95% dos votos para presidente da república em um estado como aconteceu em Columbia. (No Tennessee, vitória de Mc Cain, com 60% dos votos. Por aqui o povo é meio conservador. Apelava-se para a juventude e inexperiência de Obama, contra o pé na Cova de Mc Cain pra justificar que Obama não deveria levar o mandato).
Enfim, essa é atmosfera política nos últimos minutos que antecedem a vitória de Obama.

sábado, 1 de novembro de 2008

Sorvete frito

Hoje fui andar pela cidade e comentei com uma colega que queria tomar um sorvete mas que nem deveria me dar aos excessos gelados por causa da garganta, uma vez que em clima tão instável como o de Nashville a gripe é uma realidade banal. Sarcasticamente ela disse que eu devia tomar um sorvete mais quentinho ou quem sabe, frito!!!
Pensei que era só mais uma reação impaciente às minhas contradições. Mas não é que o sorvete frito existe de verdade?! Fomos parar no Las Palmas e provei do dito cujo. Pra os conhecedores da culinária mexicana pode não parecer nenhuma novidade, mas no mexicano que já fui por aí nunca tinha ouvido falar do tal sovete que de frito só tem mesmo a cobertura.